21 fevereiro 2013

A insensibilidade do Ser Humano

     À alguns dias, entabulei conversa numa rede social com um contacto de um contacto meu. Fi-lo por necessidade de um favor desse mesmo contacto. A sua resposta foi positiva e aberta ao diálogo, o que me deixou bastante satisfeito. Ora pouco tempo depois, já de forma extemporânea, voltei a contactar essa mesma pessoa. Qual não o meu espanto, quando nem sequer fui dignificado com uma resposta. Após alguma ponderação, reconheci o carácter irracional do contacto, pelo que voltei a contactar, desta feita no sentido de me desculpar pela minha atitude. Mais uma vez, o meu interlocutor permaneceu mudo...
     Saliento que o meu contacto foi numa perspectiva apenas informal, sem qualquer tipo de ofensa... Não quero aqui julgar as atitudes de parte a parte. Eu possivelmente não deveria ter estabelecido o contacto quando não possuo qualquer tipo de relação com essa pessoa, mas por outro lado, se inicialmente se revelou abertura, esta deveria ter sido mantida, ou então requerida a suspensão do contacto. De qualquer forma, e é o que me leva a escrever estas linhas, o que deveria ter sido tido em conta por parte de quem foi contactado, era a delicadeza de conceder uma resposta, de que género fosse.

     Será que as pessoas estão tão obcecadas com a sua vida que esqueceram por completo as boas maneiras? Ou será que eu é que sou bastante antiquado?

     Todos os dias somos confrontados e bombardeados com abordagens publicitárias de todo tipo de bens e serviços, tarifários de telemóveis, planos de saúde,... Ao fim de algum tempo de delicadeza para com os operadores de tele-marketing, a paciência esgota-se e começa-se a não ter paciência para estes contactos, por vezes tão insistentes e maçadores. No entanto, quando estamos a falar do contacto entre pessoas, numa perspectiva puramente social, as abordagens não são deste tipo. Aqui as pessoas contactam-se para desenvolver uma relação de qualquer tipo. Seja ela mais ou menos íntima, o que se procura ao se dirigir a alguém é apenas isso, contactar, conhecer, aproximar... Claro que ninguém é obrigado a "aturar" ninguém, e quando se insiste em demasia nesse contacto, é perfeitamente natural que a paciência se esgote... Mas antes de se chegar a este extremos, já se passaram várias oportunidades para dizer "Não, obrigado", para se dar a entender que não se tem vontade de continuar esse contacto. 
     Revoltam-me situações como a que eu vivi, em que após um contacto lógico e com um propósito, em que o diálogo se desenvolveu fluentemente, se passe para um estado de completo alheamento e descarte, sem se ter a delicadeza de dizer "Não, obrigado". 

     Claro que ninguém obrigado a este gesto, ninguém é obrigado a dar uma resposta quando não sente vontade de o fazer. No entanto, fica bem perante a pessoa que nos interpelou e ao mesmo tempo, nunca sabemos até que ponto um dia não seremos nós a desejar uma resposta que nunca chegará...

09 março 2009

Luta de Classes

Eis-me de volta aqui após muito muito tempo de ausência...! Desenganem-se aqueles que pensaram estarem livres de mim!!

O que me traz hoje aqui a este espaço, é um problema que tenho vindo a observar e o qual até tenho sentido na pele, que é o problema da luta de classes. E o que quero eu dizer com luta de classes?Refiro-me concretamente a todos aqueles "xôr dótores" que por terem uma licenciatura que sentem na obrigação de se colocarem acima de todos os osoutros...

Vamos a exemplos concretos? Vamos a exemplos concretos.

No meu círculo de amigos tenho amigos e colegas que têm todo o tipo de licenciaturas, eng. civis, eng. informáticos, enfermeiros, médicos, veterenários, arqueólogos... de tudo um pouco. Tal como tenho amigos licenciados, também tenho amigos que por uma razão ou por outra não o são, tendo apenas formações profissionais. Dou-me bem com todos, dentro da consideração que tenho de cada um. No entanto, algumas dessas pessoas tomam determinadas atitudes para comigo que eu penso serem de todo elitistas. Senão vejamos:

Conheço uma pessoa que me pediu emprestada uma coisa (à cerca de 4 anos), e que até hoje não ma devolveu. Sempre que lhe falo nisso, ri-se como que dizendo "lá vem este chato moer-me o juízo...". Outro caso: um dia em conversa uma outra pessoa vê um primo e comenta: "este tipo começou a ouvir música metálica e nunca mais deu em nada..."; depois de eu lhe fazer referência que também ouvia esse tipo de música, comentou: "vê-se onde chegaste..." . Por fim, a melhor situação de todas: "em conversa com uma terceira pessoa sobre a diferença salarial no nosso país, respondeu-me: "eu não estou a estudar para ser um dos 300 neurocirurgiões de um país com 10 milhões de habitantes..."

Que há a dizer destas três pessoas, sabendo que 2 pertencem à classe médica e 1 às letras? Não têm posições elitistas? A meu ver têm!

Não concordo que as pessoas sejam julgadas por serem ou não licenciadas, por terem ou não um curso superior. Quando aquela pessoa insinuou que eu não tinha chegado a lado nenhum derivado dos meus gostos musicais, eu estava no início do curso, hoje, passados 4 anos, estou a 3 meses de o acabar, de fazer parte da classe que torna possível que eles tenham aprendido alguma coisa durante toda a vida, serei professor.

Outra coisa que eu observo neste fenómenno, é que os únicos a terem este comportamento são elementos pertencentes à classe médica (felizmente não todos). Estas pessoas, com estes comportamentos elitistas, parecem esquecer-se que para que eles sejam o que são, e para terem o que têm na vida, muitos licenciados e não licenciados contribuíram. O trolha que abandonou a escola por dificuldades na vida, constrói as casas que o engenheiro civil projecta. Os engenheiros informáticos e electrotécnicos constroem os programas e aplicações informáticas para que os médicos tenham a sua actividade mais facilitada. Para além de toda estes elementos da sociedade, um se torna no fundo mais importante que todos, que é o professor. Se não fossem os professores, como é que os médicos aprendiam? Tentativa erro? Aí todas as doenças seriam fatais... mas ao mesmo tempo se não houvesse investigação médica não haveria curas para as doenças...

Tudo isto é um círculo vicioso, todos dependemos uns dos outros! Infelizmente, existem algumas pessoas que pensam que por terem um curso, são mais os que os outros que não o têm...

04 janeiro 2007

O Natal do Desperdício

«Nesta nossa sociedade consumista do usa e deita fora, pessoas há que não embarcam nessa febre. »

In “Homem que aproveita tudo” – Gato Fedorento

E acabou o Natal…! Todos os anos é a mesma coisa, em meados de Novembro, começamos a ver as montras das lojas todas enfeitadas com as decorações de Natal, e a saldar a mercadoria que ficou do ano transacto.

Começam também a chegar às caixas do correio as toneladas de publicidade para todo e mais algum artigo passível de ser oferecido como prenda Natalícia, desde os brinquedos para a canalha até aos frigoríficos para a mãe, e ainda a publicidade de todo e qualquer artigo para embelezar a mesa, que quanto mais tiver melhor. Bem, ao todo são cerca de 350 gr de papel de cada vez na caixa do correio, e não estou a exagerar, eu pesei mesmo!!

Mas chegamos ao dia de Natal, depois de se ter gasto uma pipa de massa, só porque queríamos oferecer o presente mais original e extravagante, e compramos ainda presentes para a vizinhança toda (não fosse ela começar com a má língua), pomos uma mesa descomunal, apesar de sermos apenas 6, temos uma mesa onde há de tudo e não interessa que o bolo rei fique em cima das rabanadas e a garrafa de tinto dentro da taça dos sonhos tipo frapé… Chega a meia noite e com ela o senhor da Coca-Cola, vulgarmente chamado Pai Natal (casado com a Merry Christmas…), e até o avô que já dormia com a cabeça para trás, a boca aberta e a dentadura dentro do copo de vinho (o chamado dente em vinha d’alho), se levanta para ir ver o que lhe tinha calhado em sorte (vais aviado com umas meias e dá-te por contente, o caixão não cabia na chaminé…). Em menos de 10 minutos há um mar de papel, laços e cartão no chão da sala. Todos estão contentes com o que lhes calhou (menos o avô que queria umas ceroulas…). Quem vai a missa arranca, e quem não vai dá mais uma volta à mesa, arranca uma rabanada do fundo do bolo rei e vai para a cama.

No dia seguinte, é tempo de recolher o lixo e deita-lo fora.

E era aqui que eu queria chegar! Onde é que TU que lês isto deitaste os teus papeis de embrulhos?

Ao longo de mês e meio recebi 350 gr de papel de 3 em 3 dias, o que dá cerca de 5 Kg de papel, mais o papel e cartão dos presentes, deve dar cerca de 6 Kg de papel que eu depositei no ecoponto azul. No entanto, no dia 25 de Dezembro havia uma montanha enorme de caixotes ao lado do contentor do lixo junto à minha casa, havendo um ecoponto a cerca de 100 metros. Ora como já dizia o Calvin, “para quê pensar quando a estupidez é instanânea”…

«Isto tem que funcionar assim a bem das gerações futuras, temos que aproveitar. (…) Eu não desperdiço nada, aproveito tudo! Tudo!»

In “Homem que aproveita tudo” – Gato Fedorento

23 agosto 2006

Ei-los que voltam

À alguns meses atrás (Abril, se não me engano), passou na televisão pública um programa que se chamava: “Ei-los que partem”. Ora o tal programa tinha como mote os portugueses que em décadas passadas haviam emigrado para o estrangeiro, devido às dificuldades económicas que se viviam no nosso país nessa altura. Confesso que não vi o dito programa, mas acredito que não fosse muito mau… pronto, ‘tá bem! Deve ter sido mais um programa de chacha da televisão pública!! Não me batam mais!
Mas o que me leva a escrever este post, prende-se com o facto de com a chegada do verão, os mesmos jornalistas que haviam realizado o programa anterior, não terem realizado um segundo, com o tema: “Ei-los que voltam”.
Esta é a triste realidade em que o nosso país se encontra nos meses de Julho e de Agosto: completamente invadido pelos emigrantes que voltam lá de onde estão na terrinha, e ao mesmo tempo infernizar o juízo a todos os outros que não os conhecem, e que tinham muito bem passado a vida sem cheirar o seu suor e sem ouvir os seus CDs pimba no máximo. Assim para terem uma ideia: o Branco, mas mais azeite ainda. Este espécimen de Português anda sempre a falar alto, e que ainda não assimilou bem o regresso, pois passa o tempo a falar em francês, intercalando Português. Por exemplo: o emigrante está na praia com a famelga, a miúda vai até à água, e diz ele: “Attencion Mariette!, e a Mariette ignora, pouco depois, de novo: Attencion Mariette!, e a Mariette já ia com água pelo joelho, e ele não faz mais nada senão gritar: CUIDADO QUE AÍ É FUNDO CARALH…. Mas a minha favorita é sem dúvida a mãe que vê o filho na água e lhe manda com esta: Rien Sebastien, rien! (para que não sabe, rien quer dizer “nada”, mas “nada” como pronome indefinido…). Fazem-se deslocar nos seus carros de matrícula francesa, ou andorrana, que de um modo geral são iguais aos nossos, tornando ainda mais caótico o trânsito da cidade, e não têm respeito por ninguém. Por vezes aparecem alguns Z8 ou Boxster mas eu acredito que ninguém no seu perfeito juízo fazia tantos quilómetros com o carro se ele fosse seu.
Têm por norma meterem-se no Shopping, tornando-o durante todos os dias da semana, o que ele já é ao domingo (ver post anterior: Domingos no Shopping). São malcriados e têm a mania que são superiores aos outros, têm sempre um penteado apaneleirado e insistem nos fatos de treino d’ “O Galo Desportivo” que rematam com boné e sapatilhas brancas também, sem esquecer o fiozinho de prata com o crucifixo.
Respeito-os pelas dificuldades que tiveram na vida e pelo que tenham tido que lutar, mas de resto para mim são a pior fatia de cidadãos Portugueses, que são aqueles que são, mas que têm vergonha de o ser. Grande parte do emigrantes têm vergonha de serem Portugueses, pois ignoram as suas raízes ao ponto de nem a sua língua materna usarem…

NOTA: Fui um pouco elitista neste texto, mas mais elitistas são os emigrantes por tratarem todos como se fossem “rien”. Tenho muita família emigrante, e tenho de tudo, desde aqueles que honram Portugal, àqueles que para eles isto é férias no terceiro mundo, e é precisamente isso que me revolta, que os emigrantes venham para cá com ar de grandes senhores, quando são tanto como eu ou o homem do talho… ou o homem das muletas…

06 abril 2006

Game Over

À alguns dias atrás, li numa edição do Jornal de Notícias uma notícia que dava conta de um estudo que demonstrava que os jogos multimédia, das consolas e dos computadores pessoais, ajudavam a desenvolver as capacidades motoras das crianças, tais como a reacção e a agilidade (só se for dos dedos…), ou ainda o raciocínio lógico (tão importante para a Matemática Discreta).

Dias depois disto, estava eu no meu local de trabalho, quando da loja defronte de mim, sai um miúdo, que não devia ter mais de 10 anos, à frente da mãe e da irmã. Mal chegado à porta, o dito miúdo volta-se rapidamente, e fazendo o gesto de uma Magnum .44 dispara rapidamente sobre a mãe e a irmã, que como devem calcular, não tendo hipótese de ripostar, cairiam redondas tipo queijo suíço no chão, não fosse a arma do puto feita de carne, pele e ossos… Não contente com isso, o miúdo encostou-se a ombreira da loja, e depois de recarregar a sua shotgun invisível, que eu ainda não vira às costas, por ela ser invisível, mostrou-se à loja e despejou uns 4 ou 5 cartuchos, que felizmente, tal como a arma, eram invisíveis, ou então teríamos uma versão Escola de Columbia in Estação Viana Shopping... Mas como a mãe e a irmã já lá iam, o miúdo não teve escolha e lá foi ele embora, sem antes atirar umas 3 ou 4 granadas de ar para a loja…

Já procurei em todos as lojas e sites pelo jogo “Hugo e a estrada para a colina 30” (Hugo and the road to hill 30), mas ainda não consegui encontrar. Eu aceito que digam que jogar computador PODE desenvolver as capacidades criativas e de decisão de uma criança, mas como tudo na vida, tem o reverso da medalha, e também pode levar uma criança a não saber discernir a realidade da ficção. Se não houver um acompanhamento capaz por parte dos pais, um dia destes, algum miúdo encontra a pistola do pai, que acha parecida com um a colt, pega, e chegando perto dos amigos resolve brincar aos policias e ladrões, acabando a brincadeira quando aquelas balas não são de pixeis e um desgraçado leva um headshot…

Sei que é uma visão muito dramática, mas possível. As pessoas que escreveram este artigo, deviam igualmente, escrever um em que demonstrassem os perigos da exposição de jogos violentos a públicos mais jovens. Não ponho as culpas em ninguém, mas se nesta história toda tiver de haver um culpado, esse culpado é sem dúvida alguma, a pessoas que entrega em mãos à criança o jogo violento.

Conversa de circunstância


Quem é que nunca esteve numa sala de espera? E numa bicha? Bem, pelo menos no meu caso, eu nunca estive numa bicha…

Mas como é lógico, todos nós em algum momento das nossas vidas estivemos confinados a esses lugares.

E qual era o tema de conversa? Hã?

Exactamente!! Em todos esses lugares em que passamos parte das nossas vidas
à espera, o tema de conversa é o tempo!

Aqui à dias estava eu sentado na sala de espera do Centro de Saúde da minha cidade, quando entra uma fulana e se senta. Até aqui tudo normal, havia lugar, abancou o bujão. Em menos de nada, já estava a falar para a pessoa que estava ao lado, e que não a conhecia de lado nenhum, para dizer que aquele tempo não era para ficar, e que ainda estava para vir muita chuvinha… e tal… Em menos de nada, já não eram duas, mas sim quatro ou cinco pessoas que discutiam animadamente o boletim meteorológico para os próximos dias.


Não é que eu tenha alguma coisa contra as pessoas que metem conversa com os desconhecidos aonde quer que vão, pois cada um escolhe como quer passar o seu tempo de espera. Mas ao menos, as pessoas que têm este vício irritante (e que por vezes também dizem “trieze”, “selada” ou “mortandela”), podiam escolher outro tema qualquer, como por exemplo, a vida sexual dos golfinhos do pacífico (pela opinião do meu amigo veterinário, os que foram incluídos no filme “Titanic”), ou telenovelas, outro tema muito falado, mas menos, porque assim a discussão fica restrita ao universo feminino. Não… mas é, é isso que se passa. Aonde quer que uma pessoa vá, se lá estiver alguém propenso a meter conversa, sem dúvida nenhuma irá orientar a sua conversa à volta do tema “o tempo de hoje e de amanhã”.


Analisando um pouco isto, só posso concluir que as pessoas abordam a coisa deste modo pois não sabem que mais hão-de dizer para cativar a atenção do vizinho do lado. O mesmo se passa quando não sabemos que mais havemos de dizer, e só para quebrar o silêncio, afirmamos (como se fosse uma revelação transcendental): “Está a chover hoje…”.

10 março 2006

Pátria sem Patriotas


Na última quarta-feira, dia 8 de Março de 2006, o (Glorioso) Sport Lisboa e Benfica eliminou o campeão em título, Liverpool Football Club, nos oitavos de final da Liga dos Campeões desta época.

Quando o sorteio foi conhecido logo, um coro de vozes disse que o SLB já estava arrumado, k ia ser esmagado pelo Liverpool… No final das duas mãos, o resultado foi um esclarecedor 3-0 favorável ao Benfica. Até aqui, tudo bem. O Benfica jogou as duas mãos muito bem, e vencei igualmente bem. Talvez a sorte também os tenha acompanhado nos jogos, mas ela também faz parte do jogo. Certo é que o Benfica passou aos quartos de final, onde ficou hoje a saber que irá defrontar o Barcelona, o grande favorito desta época, e onde brilham estrelas como Ronaldinho, Deco , ou Etho… Mas em campo se verá quem irá ser a equipa que se qualificará para as meias finais. Como benfiquista, mas acima de tudo, Português, espero que o Benfica consiga levar de vencida a equipa Catalã e eleve assim mais um pouco o nome do futebol Luso.

Infelizmente, este sentimento não é partilhado por todos os Portugueses, e é esse o motivo porque eu estou a escrever este post.

Estava eu a trabalhar (sim, porque nos dias de jogos importantes eu tenho que estar sempre a trabalhar…), e o Micolli tinha acabado de marcar o segundo golo em Anfield Road, quando um cliente se acerca do balcão e em gesto de gozo, pergunta se o Benfica já tinha perdido. Bem, tive de me segurar para não o mandar para aquele sítio, que se fosse levado a sério, estaria lotado de árbitros de futebol… Quando lhe disse que tinha acabado de marcar o segundo, mostrou desprezo e até contrariedade pelo facto. Já ontem, quando fui comprar o jornal, um polícia que estava dentro do quiosque, comentou que os Benfiquistas deviam estar todos contentes, também não me consegui conter e tive de dizer ao dito senhor, que não deviam ser só os Benfiquistas, mas os Portugueses em geral.

É este sentimento de anti-desportivismo que eu não entendo. Se for acerca de jogos da nossa liga nacional, ainda é naquela, o objectivo fica delimitado pelas fronteiras, dentro do nosso país. No entanto, quando se está a falar de competições internacionais, onde as vitórias dão direito a pontos, que serão convertidos em benefícios para os clubes nacionais participantes em anos futuros, qual é o interesse de desejar o mal a um clube, só pelo simples facto de esse mesmo clube não ser o nosso? Eu sou Benfiquista, mas vibrei com as vitórias do Porto, há 2 e 3 anos atrás, e do Sporting no ano passado.

Hoje, quando visitei o site http://www.maisfutebol.iol.pt, a fim de ler algo mais sobre o sorteio dos jogos para os quartos de final da Liga dos Campeões, deparei-me, como já é hábito, com mensagens anti-benfiquistas. A situação já não é nova para mim, mas algumas das mensagens fizeram-me mesmo rir deste povo que temos no nosso país…Aqui ficam alguns deles:


- “Bem feito o benfica nao é feito para ficar nesta competiçao!”

- “Vai desfazer a defesa do SLB. O Sr. Luis Filipe Vieira disse que quem vier morre....Agora quero ver. Forca Barca. Forca Deco.”

- “Temos k ser pelos Portugueses...Força DECO!!! Barça!!!”

- “Palavras para quê? Boa sorte Deco e companhia... Barça para sempre! Ou melhor... pelo menos frente ao Benfica... E o sonho foi-se...fica pró ano... se forem à Liga dos Campeões, claro...”

- “eu so nao acerto no totoloto ahahahahahahhhah, já eram, vão morrer aos pes do ronaldinho, deco, eto'o, belleti, ahahahahahahaha, vao ser humilhados, no dia seguinte nem kererão aparecer na rua, ahahahahaha, FORÇA BARÇA!!!!!!!!!!!!!!”


Mas sem dúvida nenhuma, a melhor de todas as mensagens foi a de uma leitora que se estaria a sentir mal e que disse:


- “Para ser sincera, desejo que o benfica leve uma cabazada do barça. Ja estou a torcer. Detesto tanto o benfica que até ando com dores de estomago e desejo com toda a força que seja derrotado. Força Barcelona!”


Bem, sobre cada uma delas, não há mais nada a dizer, elas próprias dizem tudo. Só se pode acrescentar que é triste, já não chegava sermos o gozo da Europa noutras áreas, mas também vir a sê-lo por motivos desportivos… Esta última mensagem é bem elucidativa do sentimento de todos aqueles que não são Benfiquistas, e que por um motivo qualquer, não sentem alegria por um clube diferente estar a elevar o nome de Portugal…